quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Justiça não encontra dinheiro de sócios

A Justiça do Trabalho em São Paulo determinou a penhora das contas bancárias da Conagro Participações e seus sócios, acusados de fraudar o leilão da Fazenda
Piratininga. Os valores encontrados e bloqueados, porém, são irrisórios. A empresa - que na semana passada adquiriu a propriedade do ex-controlador da Vasp, Wagner Canhedo, por R$ 430 milhões - tem apenas R$ 535, 20 em sua conta corrente. Na conta do diretor presidente da companhia, Francisco Garcia Vivoni, não foi encontrado nenhum real e da sócia da empresa, Andrea Cristina Nalim Garcia, foram bloqueados R$ 888,19, segundo advogados que tiveram acesso ao documento do Banco Central.

A fazenda do ex-proprietário da Vasp, Wagner Canhedo, foi transferida para os exfuncionários da companhia pela Justiça para quitar parte dos débitos trabalhistas da aérea. O valor que seria levantado pelo leilão, realizado na quarta passada, seria usado para pagar os cerca de 8 mil ex-funcionários da empresa. O cheque utilizado para pagar parte da aquisição, porém, foi sustado por Vivoni, sob a justificativa para o banco de que a folha teria sido roubada ou extraviada.

Diante disso, a juíza Elisa Maria Secco Andreoni, responsável pelo processo, encaminhou o caso para ser investigado pelo Ministério Público Federal e Polícia
Federal. Também pediu a quebra do sigilo bancário da empresa e sócios e o bloqueio das quantias encontradas como forma de prosseguir a execução do valor
dado como sinal no leilão.

Para evitar novos problemas relativos à venda da fazenda, o Juízo Auxiliar de Conciliação em Execução marcou para o dia 9 de dezembro uma audiência pública
quando será escolhida a melhor proposta ofertada para aquisição do bem. A medida foi estabelecida em reunião realizada na segunda-feira entre representantes do Ministério Público do Trabalho, do Sindicato dos Aeroviários e Sindicato dos Aeronautas, juntamente com a juíza Elisa Andreoni. Durante o encontrou, chegouse ao consenso de que como a fazenda pertence aos trabalhadores, pode ser
vendida pelos meios escolhidos pelos credores.

O fato de não existir dinheiro na conta da empresa e sócios que deram o lance seria indício de que algum tipo de fraude pode ter ocorrido no leilão, afirma o advogado do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Carlos Duque Estrada.

"Alguém montou um cavalo de tróia. Tudo indica que esse empresário sempre cobriria qualquer lance existente para afastar compradores". Francisco Garcia Vivoni, no entanto, afirma que fez a proposta para pagar a fazenda à vista em um prazo de 30 dias, mas que a juíza não aceitou. Segundo ele, a empresa não tem mesmo dinheiro em sua conta porque a quantia para fechar o negócio viria de fundos de investimento da Europa e dos Estados Unidos. Procurada pelo Valor, a juíza Elisa Andreoni não quis se manifestar sobre a questão.

A Vasp teve sua falência decretada em 2008. A fazenda foi a leilão em razão de uma ação civil pública proposta em 2005 pelo Ministério Público do Trabalho,
Sindicato Nacional dos Aeronautas e Sindicato Estadual dos Aeroviários. Ao assinar um acordo perante a Justiça do Trabalho, Wagner Canhedo reconheceu a
responsabilidade solidária de seu grupo econômico pelos débitos trabalhistas da Vasp, caso a aérea não os quitasse.

Fonte: Valor Econômico.

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